Nasci na seca
No meio do sertão.
Nasci com os lábios secos.
Mas sem dor no coração.
Eu vim da terra de Luis.
Sou descendente de lampião.
Nasci com o sol na cara.
Mas não tenho medo do deserto
Sem candeeiro na mão.
Do silêncio traiçoeiro
Da imensa escuridão.
Nasci com o sangue aquecido
Pelo sol do meio dia.
Nasci no meio do sertão.
Sou filha de zumbi.
Sobrinha de lampião.
Percorri os palmares
Sem candeeiro na mão.
Percorri a mata cinza.
Cheguei a ouvir o som dos mares.
Cheguei a terra fria.
Levando o meu sertão.
Vou aquecer o teu corpo frio.
Com o calor da minha estação.
Sou prima de caneca
Sobrinha de lampião.
Adriana Freitas
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