Um dia você resolveu ir. Na hora não foi nenhuma surpresa.
O coração apertou. Os olhos se mantiveram firmes.
As lágrimas não caíram naquela hora. Exatamente naquela hora os olhos se mantiveram firmes.
Também não houve sorrisos. E nem havia espaço pra isso.
Os lábios travaram como trincas. Nada foi exposto.
Apenas o silêncio da noite. O vazio dos espaços.
Tudo cresceu e diminuiu. As coisas perderam a proporção.
Os dias ficaram tristes e longos. Nada tinha fim. Nem a noite e nem o dia.
Tudo parecia o mesmo. Sem proporção. Sem começo e sem fim.
Até as lágrimas que venceram a resistência dos olhos ficaram indefinidas.
Enfim você quis ir. E mesmo com todas as reações sentidas pelo corpo te deixei ir.
Não te espero na volta. A saudade que antes me fazia companhia também se foi.
Abri a porta. Na verdade ela sempre esteve aberta.
Mesmo querendo que ficasse. Deixei-te ir. Se quiseres voltar, até pode vir. Só não sei como será na entrada.
Encostei a porta. Talvez você precise empurrá-la. Talvez ela não se abra mais.
Quem sabe o que acontecerá no fim? Talvez você nem queira voltar. Talvez seja eu que queira ir.
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